quinta-feira, junho 19, 2008

Fraldas

Diz na nossa ‘bíblia’ que, em média, cada bebé usa cinco fraldas por dia, ao longo de três anos, o que custa cerca de 1.500€ no total.
Pois bem menina Carolina: está na altura de entrarmos em contenção. Porquê? Porque não queremos ser nós a estragar a média e esta semana, em apenas uma noite, gastaste o teu crédito de fraldas.
Filha: faz cocó e xixi à vontade. Antes para fraldas do que para o médico
!

quarta-feira, junho 18, 2008

De princesa come e dorme a rainha das cólicas

Chocolate nem vê-lo. Café muito menos. Laranjas, morangos ou ervilhas tão pouco. Idem para os fritos. Então, porque é que de um dia para o outro a Carolina passa a manhã quase toda a contorcer-se e a chorar? É assim desde 2.ªf e estávamos nós contentes por, mesmo assim, ela dormir bem de noite, até que hoje tudo mudou.
Diz quem percebe do assunto – entenda-se Mário Cordeiro no seu O Grande Livro do Bebé, que é a nossa bíblia – que é normal os bebés terem cólicas enter as três e as 12 semanas e dou por mim a pensar como é que serão os próximos dias...
Se até aqui a mama servia de consolo, agora nem isso. Resta-nos andar com ela ao colo, o que nos leva a outra dúvida – será que a estamos a habituar mal, como toda a gente diz? Por enquanto não estamos muito preocupados com os “maus vícios” que lhe possamos incutir, mas sim em tentar aliviá-la de alguma forma, nem que para isso fiquemos com músculos de aço!
Diz Mário Cordeiro que esta é uma fase de organização do cérebro, que terá de ser percorrida para se atingir um grau de maturidade superior. Portanto, é preciso que os pais retirem de cima de si qualquer culpa por pensarem que não estão a fazer o que deviam. É normal, faz parte da vida do bebé e ajuda-o a encontrar níveis mais perfeitos de organização e consolo.

Curiosamente, hoje a manhã até está a ser tranquila. Será que é só preciso escrever para exorcizar?

quarta-feira, junho 11, 2008

Duas semanas depois

A primeira foto da Carolina. A história continua em breve.

quinta-feira, junho 05, 2008

Uma semana e um dia depois

Está na altura de contar como foram estes primeiros dias, começando, obviamente, pelo já longíquo 28 de Maio, dia em que a Carolina nasceu. Ou melhor, começando pela 2.ªf dessa mesma semana, dia em que tudo se começou a desencadear mais rapidamente. Portanto, é caso para dizer que, para além de longo, o texto que se segue pode conter palavras ou levar à criação de imagens mentais menos indicadas a pessoas sensíveis.

2.ªf, dia 26 de Maio
A obstetra disse-nos para estarmos na Maternidade Alfredo da Costa (MAC) antes das 11h para irmos fazer um novo CTG, que desta vez acusou algumas contracções. Contracções essas que eu não senti, ou pelo menos não deu para perceber o que eram, e que deram origem a comentários estilo: «se isso é que são contracções, que venham elas». Estava-se mesmo a ver que pela boca morre o peixe, mas já lá vamos. O CTG estava normal mas a tensão arterial nem por isso, portanto toca a fazer análises e seguir para casa, porque na 3.ªf tínhamos nova consulta com a médica.

3.ªf, dia 27 de Maio
Este foi o dia que sempre nos disseram que era a data prevista do parto, até à última ecografia, que passou para 3 de Junho. E nós a querermos, não sei bem porquê, que ela nascesse em Maio... e que não nascesse no dia da prima – não sei se já tinha dito mas a minha irmã também estava grávida, praticamente do mesmo tempo que eu, e as previsões, para o fim, apontavam para o mesmo dia. A Iara, que é a minha sobrinha, nasceu ontem, exactamente uma semana depois da Carolina, às 22h30.
Retomando o fio à meada. 18h30 – consulta com a obstetra. As análises estavam boas, portanto altura de fazer o descolamento da bolsa, que é como quem diz: toca de abrir as pernas para eu meter aí as mãos a ver como isso está. Quando fiz o primeiro toque perguntaram-me qual era a sensação: «é como se tivesse uma mão até ao pescoço», mas nada que não se aguente!
Acabámos a consulta com a indicação para ir fazer as últimas análises e ir ter com a médica à maternidade no domingo, dia 1, de manhã.

4.ªf, dia 28 de Maio
A noite já não foi tão tranquila, se é que aos 9 meses de gravidez ainda podia dizer que tinha noites tranquilas..., mas de manhã lá fui fazer as benditas análises. Para os mais distraídos ainda na 2.ªf tinha feito, e vão ver que não vamos ficar por aqui. Análises a tudo e mais alguma coisa que precisavam de uma credencial do médico de família, portanto, fui fazê-las, vim para casa tomar o pequeno-almoço com o maridão e meti-me no carro para ir ao centro de saúde. No regresso, uma paragem na mãe para ir à mercearia comprar legumes para fazer sopa – sim, no último dia é que me deram os desejos – e desabafar com a mãe que «isto hoje já não está nada como ontem...». Mal eu sabia que o isto eram as tais contracções, que começaram a intensificar-se a uma velocidade vertiginosa. De regresso a casa, ainda me deu para ir lavar e estender uma máquina de roupa – li algures que nos dias que antecedem o parto, as mulheres têm tendência a dedicar-se mais tempo à lida da casa. A sopa é que já não foi feita. Num espaço de poucas horas, as contracções depressa chegaram aos 10 minutos de intervalo. Altura para ligar à médica que... não estava disponível. Porquê? Porquê? Nova tentativa e mais uma e outra. Nada. Quase 5 minutos de intervalo. Altura de ligar para o maridão. «Onde estás? Acho que é melhor irmos para baixo.» Chegámos à MAC com contracções com menos de 5 minutos de intervalo. Eram 16h e depois de ouvir as enfermeiras perguntar se era o primeiro filho e dizerem que em situações como a minha, normalmente, o trabalho de parto demora entre 12h a 14h, novo toque que indicou que já estava com quase 3 dedos de dilatação. «Tome lá uma bata e uns chinelos. Vamos tratar do internamento.» Sentadinha de rabo ao léu numa “confortável” cadeira de plástico, a contorcer-me toda, sinto um jacto de água a sair sem que tivesse controlo para o parar. «Acho que me rebentaram as águas», digo, e a gentil enfermeira continua: nome, profissão, quem vai acompanhar no parto, ... Dois impressos à frente e novo jacto: «continuo a perder água. É normal?». Novo toque e a bolsa rebentada. Toma lá o belo do clister, vai chamar o marido e começa a fazer quilómetros no corredor. Feito o cócó da praxe, o quarto 5 foi o meu destino. Foi ali que fiz novas análises, porque as da manhã obviamente não estavam prontas e aquelas alminhas não encontraram as de 2.ªf a tempo; que soube o que eram contracções à séria e que a Carolina nasceu, de parto normal, sem epidural, porque eram precisos os resultados das análises e entretanto fiz a dilatação toda. Foi também ali que uma enfermeira vinda do Funchal aprendeu a costurar.
Se dói? Dói! Se é uma dor insuportável? É! Se se morre com aquelas dores? Claro que não! Obviamente não é pêra doce e eu acho que me portei muito mal, que nunca gritei ou gemi, nem sei, tanto como naquela altura, mas o momento da expulsão, em que falta tão pouco, mas tão pouco, para a ter nos braços, depois de 9 meses a imaginar como é que ela seria, supera tudo o resto. E é uma sensação única, para a qual, provavelmente, nunca encontrarei palavras para descrever. Mas o “melhor” ainda está para vir.
Depois da Carolina nascer e de ter vindo directamente para cima de mim – aquele contacto, pele com pele, sangue do meu sangue, um ser vindo de dentro de mim, gerado com tanto amor, outra sensação indescritível – pedi para avisarem o pai. O que ele sentiu vou deixar que ele depois conte.
Entre o avisarem e ele ter chegado ao pé de mim passou-se mais de 1h, o tempo da aula de costura. A tal enfermeira que veio da Madeira, mas que já está cheia de saudades do filho, e que por mim bem podia voltar para o pé dele, esteve a aprender a costurar num dos melhores panos que podia encontrar: eu. Lá lhe fui dizendo que ninguém nascia ensinado, que todos tínhamos de aprender, para não se preocupar, que eu sabia que era mesmo assim, mas a dada altura já estava farta da conversa que a senhora tentava fazer para me distrair e lá lhe disse para me avisar apenas quando fosse dar mais um “nó cego”, que não era preciso fazer conversa, até porque perguntarem-me o que eu faço e onde trabalho a esta altura do campeonato também não era de todo o mais indicado. E a aula de costura até nem correu mal até a enfermeira que a estava a supervisionar resolver abandonar o quarto, provavelmente para ir ligar ao marido ou fumar um cigarrinho. Escusado será dizer que quando regressou e olhou para os pontos – já disse que me cortaram em dois sítios? É que ao primeiro corte resolvi levantar o rabo da maca e encolher-me, o que deu direito a mais um corte – fez uma daquelas caras que nem eram precisas palavras. A aluna não passou com distinção no exame de costura e os pontos tiveram de ser removidos e dados de novo. E eu ali a pensar no desejo profundo de fechar as pernas nem que fosse só por um minutinho...
Finda a aula, lá vem o pai com a Carolina nos braços e se com a expulsão já tudo o resto tinha deixado de fazer sentido, foi neste momento que me senti plena. Vê-lo entrar no quarto com ela nos braços, dar-me aquele beijo, as primeiras palavras,...

(cont.)